Militantes e adolescentes LGBT marcam presença no debate da exposição Condenados

 

“Questionar o que é consagrado como certo e errado, estes dogmas que condenam a diferença, é revolucionar a educação”. Foi com este discurso que Gustavo Bernardes, coordenador geral de Promoção dos Direitos de LGBT da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, deu início ao primeiro dos três debates propostos pela exposição fotográfica “Condenados – No Meu País, Minha Sexualidade é Um Crime”, que fica aberta à visitação até 16 de novembro, no Centro Cultural Correios,  Pelourinho. A ocasião também foi marcada pelo lançamento do catálogo da mostra.

 

Com o tema “Os Direitos Humanos e Homossexualidade no Brasil e no Mundo”, defendidos por Gustavo Bernardes e Paulette Furacão, esta da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), o debate foi marcado pela a presença de líderes, militantes e de adolescentes LGBTs.  O evento proporcionou aos participantes a oportunidade de cobrar políticas públicas em prol da causa, questionar o que tem sido feito e revelar situações por quais passam esta minoria.

 

Embora a exposição trate de um tema que parece distante aos olhares baianos, a criminalização da homossexualidade, que ainda vigora em 80 países, foi comparada por Paulette Furacão à realidade das pessoas que estão “em prisões sem muros”. “Ou seja, que não vivem sua sexualidade plenamente por conta do preconceito, da condenação do olhar alheio, ou que vive cercada de mentiras, escondendo suas verdades”.  

 

Na plateia do debate, Javier Angonoa, consultor da Iniciativa Laços Sociaids – parceria UNAIDS e Governo do Estado da Bahia, perguntou o que tem sido feito pelo Governo Federal para acabar com a homofobia. E Gustavo Bernardes lembrou da Campanha “Faça do Brasil um Território Livre da Homofobia”, que tem como objetivo divulgar os Direitos Humanos e promoção do tratamento igual, lançada em 2011. Mas Bernardes também lembrou que muitas ações estão emperradas por conta do Legislativo e que é preciso que as pessoas cobrem deles as leis e aprovações de projetos, para atingir toda a população LGBT brasileira.

 

Millena Passos, presidente da Associação de Travestis de Salvador (ATRAS-BA) e da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), estava na plateia, composta por cerca de 60 participantes, e agradeceu à organização da exposição, composta pela Domínio Público Agência Cultural e os Correios, por trazer à Bahia esta discussão, de um “assunto que sempre é preciso estar debatendo” .

 

Adolescentes - Antes de começar o debate, D. L, de 16 anos, aproveitou para ver os 50 autorretratos de homens que vivem sua sexualidade às escondidas, por medo da prisão, chicotadas ou pena de morte. As imagens e os depoimentos obtidos pelo jornalista e fotógrafo francês Philippe Castebon causam estranhamento no menino que já declarou sua orientação sexual. “É bom saber que vivemos em um lugar em que é possível a gente se assumir. Embora tenha preconceito, e muito, aqui não é crime”. Ele foi ao debate junto a outros 30 adolescentes com idades que variam de 14 a 18 anos, do Projeto Adolescente Aprendiz e Coração de Mãe, do bairro Pau Miúdo, para participar do encontro de ideias.

 

A falta de assistência para adolescentes LGBTs foi questionada. Gustavo Bernardes, coordenador geral de Promoção dos Direitos de LGBT da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, disse que o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) está abrindo espaço para projetos voltados para este público, embora ainda sejam incipientes estas ações.